quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Ilúcido

       Nada mais fiel que a noite. Só ela me traz alívio. As ruas vazias possuem sua própria música. Tropeço em meus próprios desafios. Levanto. Sigo sozinho por um caminho sem destino. Penso. Não penso. Planejo. Vivo. Sobrevivo. Meus passos me levam hora para algum lugar, hora para lugar nenhum. Minha companhia é uma garrafa de cerveja. A última. Outras ficaram pelas calçadas por onde passei. Vazias. Quebradas. Partes de uma breve história noturna. Partes de nada. Um tanto embriagado. Não tanto como queria. Não quero encontrar ninguém. A solidão faz parte da minha loucura. Todos fazem parte de uma grande loucura. Em maior ou menor grau. Mas fazem. Todos nós rumamos para o mesmo buraco. Por isso beba. Corra. Grite. Procure seu prazer. Seja seu próprio prazer. A vida é uma só. Geralmente curta. Viver demais é chato pra caralho. Os grandes seres humanos morrem no auge de sua loucura. Melhor. Retomar a lucidez deve ser foda.